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Não existe racismo no Brasil? – Raça e Renda

350 anos de escravidão concentraram riquezas apenas nas mãos dos brancos. 130 anos depois, o sistema de heranças e a “meritocracia” mantêm essas riquezas – econômica e cultural – ainda nas mãos dos brancos.

Nas palavras de Jessé Souza (A Tolice da Inteligência Brasileira. São Paulo: Leya, 2015, p. 87), “São os capitais impessoais, como o capital cultural e sua apropriação por meio de privilégios injustos que se eternizam no tempo, que condenam à desclassificação social e à miséria tantos brasileiros que se tornam obrigados a vender a força de trabalho por preço pífio. A classe média verdadeira se apropria de capital cultural valorizado ao ‘comprar’ o tempo de estudo dos filhos que podem, ao contrário das classes populares, se dedicar apenas ao estudo. Esse tempo precioso, por sua vez, é literalmente ‘roubado’ dos nossos excluídos, que faxinam, fazem a comida e cuidam das casas de classe média, poupando-lhe tempo precioso que pode ser reinvestido a fim de reproduzir de modo ainda mais profundo seus privilégios de nascimento.”

O Censo IBGE 2010 traz dados de renda e raça dos moradores por setor censitário. Cada setor censitário envolve um ou mais quarteirões nas regiões urbanas, e uma área bem maior nas regiões rurais.

A linha grossa nos mapas marca os limites da capital. Fora dela, as linhas finas marcam limites municipais; dentro dela, as divisões entre os bairros. Os setores censitários aparecem como manchas de cor uniforme. Comparando os mapas, vemos áreas de maior renda dominadas por moradores brancos.

Os gráficos mostram em azul a nuvem de pontos que representam os setores censitários do estado. Muitos pontos tornam a nuvem mais escura. A linha vermelha representa a regressão linear entre raça e renda, ou seja, a linha que passa mais perto de todos os pontos, indicando a variação média da renda em função da raça. Os números à direita indicam a renda média estimada nos setores onde não há moradores brancos, e onde todos os moradores são brancos. A diferença entre esses valores diz muito sobre a desigualdade racial.

Nos gráficos agrupados, a análise foi separada para a capital (acima à esquerda) e demais municípios (acima à direita), e áreas urbanas (abaixo à esquerda) e rurais (abaixo à direita). Vemos que a desigualdade racial é bem mais acentuada na capital que fora dela, e mais acentuada nas áreas urbanas que nas áreas rurais.

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